Guia rápido para visitar a Guiana Francesa
Visto? Sim. Por fazer fronteira com o Brasil, para evitar uma migração maciça tupiniquim a uma terra onde se ganha em euros, precisa de visto para brasileiros. Sobre como tirar, tá tudo explicado na página do Consulado francês (se tiver alguma dúvida, entre em contato que eu ajudo).
Vacina contra febre amarela? Sim, apresentado na hora da entrevista pro visto, junto com mais um monte de documentos, como seguro saúde, comprovante de renda e residência, passagem de volta ao Brasil e confirmação do hotel em que se hospedará, entre outros.
Moeda: euro. Ou seja, é uma viagem bem cara. Confira a cotação real-euro aqui.
Clima: quente o ano todo e bem chuvoso no verão, como cabe a qualquer clima equatorial. Se quer fugir das chuvas, prefira ir de julho a dezembro.
Povo: pouquíssimos falam inglês, e mal. Ou seja, se não souber francês vai sofrer.
Destaque: A mistura do estilo francês-europeu com o criolo sulamericano é realmente única. (O tão falado carnaval não é grandes coisas. Acho que esperei demais e acabei me decepcionando).
Programas: dar uma volta pela capital Caiena e descobrir um café igual aos de Paris, visitar as famosas Iles De Salut e conhecer o Centro Espacial.
Quantos dias? Três dias tá mais que bom. Até dois, dependendo da pressa.
Como chegar
A Azul tem voos diretos (mas não diários, é bom verificar) a partir de Belém e a Surinam Airlines voa a partir de Paramaribo. O aeroporto não é assim tão perto da cidade e você vai morrer com uns 40 dólares na corrida de táxi (não há ônibus). Ah, importante ficar esperto com o horário de chegada dos vôos, pois o aeroporto praticamente fecha durante a madrugada e só volta a ter movimento lá pelas 7 da manhã. O voo de Paramaribo chegou uma e pouco da madrugada, passamos a noite dormindo nos desconfortáveis banquinhos, sem viv’alma por perto,
Dá pra entrar no país por terra via Oiapoque (Brasil) ou Balbina (Suriname).
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Caiena
Talvez por ainda ser um território francês (tem até vôo diário pra Paris, tratado como vôo doméstico) a capital é a cidade mais bem arrumada das três Guianas. Um barato andar pelas ruas e observar a fusão do estilo francês com a vida nos trópicos, tipo encontrar cafés com ótimos capuccinos e croissants, mesmo debaixo dum calorão. Infelizmente poucos falam inglês, o que pode ser uma dor de cabeça (como por exemplo pedir uma cerveja e a garçonete achar que você quer pagar uma cerveja pro cara na mesa ao lado).
Todos os principais pontos turísticos você consegue alcançar à pé se, claro, curtir andar bastante. A Place des Palmistes é a praça principal, e perto dela está a St Saviour Cathedral.
O “mercado municipal” deles, o Place Victor Schoelcher Market tem de tudo e mais um pouco, de produtos regionais indígenas a muita coisa falsificada made in China e ali perto fica o principal museu da cidade, Musée Departemental Franconie.
Ali perto, aproveite e dê uma passada no Fort Cépérou, que te dá uma boa vista da cidade.
Falando em forte, há também o Fort Diamond, mais pro lado da única praia de Caiene que é marromeno (mas mesmo assim melhor do que as das suas irmãs guianenses inglesa e holandesa), a Rémire-Montjoly, onde há a desova de tartarugas (dizem. Eu não vi).
Mas não perca seu tempo com o Jardim Botânico, que apesar de ter sido uma das fonte de inúmeras mudas que serviram para a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ainda no Império, é pequenininho e não vale a pena. Decepcionante.
Fui durante o carnaval e, como qualquer clima equatorial que se preza, chove para caralho. Prefira de julho a dezembro, caso queira um tempo mais seco. O carnaval, aliás, tão falado, foi uma decepção. Há desfile fechado e há blocos desfilando por um quadrilátero de ruas, todos fantasiados de máscaras, batuque o tempo inteiro faziam parte do pacote sim, mas para quem já viu Olinda, Rio de Janeiro, Salvador e Ouro Preto, digamos que não é nenhuma maravilha de outro mundo digna de nota (ou estou ficando velho, o que também pode ser uma explicação).
Mas, cá entre nós, nada em Caiena se compara aos passeios da vizinha Korou.
Korou
Korou fica a 65km, pouco mais de uma hora, de Caiena e há ônibus e vans compartilhadas para lá saindo da rodoviária. Você pode ir por conta e lá fazer os passeios ou agências turísticas em Caiena já te levam com tudo incluso (cobrando entre €60 a €100).
Em Korou há praia (mais bonita do que a de Caiena) e você pode fazer um tour de barco pelo Korou River para tentar avistar vida selvagem.
Mas o grande atrativo de Korou são as Iles du Salut e o Centro Espacial Guianês (não sei se é assim que se traduz).
As Iles du Salut (Ilhas da Salvação) foram assim chamadas porque foi onde os missionários encontraram abrigo fugindo da peste que assolava o continente. Irônico que vários anos depois foi construído em uma dessas ilhas um presídio onde a fuga era quase impossível (e inspirou o filme Pappilon). Infelizmente não dá pra visitar atualmente a Ilha do Diabo (Ile du Diable) e o presídio, que vemos só do barco, e o passeio para na Ile Royale.
No Centro Espacial (Agência Espacial Europeia) ainda são feitos alguns lançamentos. Há visitas guiadas gratuitas – em francês e inglês – e você precisa ter um documento de identificação válido (também conhecido como passaporte) e agendar antecipadamente para poder fazer. No próprio aeroporto de Caiene há um quiosque, bem grande aliás, com as informações de como programar o tour.